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Gisele Leite - Articulista
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Professora universitária há mais de três décadas. Mestre em Filosofia. Mestre em Direito. Doutora em Direito. Pesquisadora-Chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas.

Presidente da ABRADE-RJ - Associação Brasileira de Direito Educacional. Consultora do IPAE - Instituto de Pesquisas e Administração Escolar.

 Autora de 29 obras jurídicas e articulista dos sites JURID, Lex-Magister, Portal Investidura, COAD, Revista JURES, entre outras renomadas publicações na área juridica.

Julgamento Poético
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Bruxo Juridico

Artigo do articulista

A evolução doutrinária do contrato

Resumo: Traça a evolução do contrato desde direito romano, direito medieval, Código Civil Napoleônico até o Código Civil Brasileiro de 2002. Os princípios aplicáveis ao direito contratual e, a transformação em instrumento mais justo e democrático de circulação de riquezas.

 

Résumé : Il trace l'évolution du contrat depuis droit romain, droit médiéval, du Code Civil Napoléonien jusqu'au Code Civil Brésilien de 2002. Les principes applicables au droit contractuel et, la transformation dans instrument plus juste et démocratique de circulation de richesses.

 

Palavras-chave: Direito Civil Brasileiro. Contrato. Pacto. Princípios jurídicos. Direito comparado.

 Palavras-chave : Droit Civil Brésilien. Contrat. Pacte. Principes juridiques. Droit comparé

 

Sumário: 1. Introdução – 2. Desenvolvimento. 3. Conclusão – 4. Referências.

 Introdução – 2. Desenvolvimento. 3- Conclusão 4. Referências

 

Na verdade os contratos verteram-se em pactos, ou seja, perderam o formalismo ritualístico romano que era fonte da obligatio, vínculo pessoal que subordinava a própria personalidade do devedor recaindo sobre o corpo deste. Para se tornarem pactos do qual decorria o débito que só operava efeitos de ordem patrimonial.


E, esse primeiro passo podemos perceber com a Lex Poetelia Papiria que deixa o devedor livre (pois não mais seria escravizado ao seu credor quando se tornasse inadimplente) para incidir sobre o patrimônio do devedor.

 

Perozzi e Bonfante como romanistas esclarecem que o contrato primitivo que se materializava pelo nexum que originalmente constituía-se pelas palavras solenes[1] (contratos verbais) passa para a forma escrita e pela entrega da coisa (respectivamente contratos literais e reais) e, por fim, pelo consenso (contratos consensuais).

 

Com a influência germânica e do cristianismo ressalta-se a importância da palavra dada, do juramento feito libertando o contrato de seu formalismo primitivo. Assim o contrato deixa de ser ritual e formal para ser livre e informal.

 

Sob a influência dos bárbaros temos o Edito do Rotário e a legislação de Liutprand (lombardos) que nas palavras dos glosadores e pós-glosadores já aponta a idéia de que, atendendo-se a boa fé, o contrato é obrigatório entre as partes e vige como lei fosse.

 

Máxima não só da pacta sunt servanda que foi difundida por Beaumanoir e imortalizada por Pothier a quem se atribuiu a crença dominante naquela época de que a convenção é lei entre as partes.

 

O mundo evoluiu parra o individualismo e para o mercantilismo que consagrou a divinização do contrato. E nessa época o pragmatismo chegou a considerar o direito comercial como fator de união dos povos, como espécie de direito natural.

 

O auge do contrato foi avivado pelo jusnaturalismo e, para os enciclopedistas do século XVII a premissa primeira e fundamental de todos os poderes era liberdade humana. O contrato social de Rousseau fornece a característica mentalidade da época para qual a sociedade derivava de um contrato onde os indivíduos abdicavam de certos direitos naturais em troca de encontrar maior segurança na vida organizada da sociedade onde outros direitos (de deveres) lhes eram reconhecidos.

 

Na idéia do “contrato social” a influência do protestantismo, do liberalismo e dos fisiocratas foi capaz de endossar o lucro, os juros, a ambição com apoio da analogia das ciências naturais passando encarar o contrato como fase evolutiva necessária a todos seres humanos.

 

Entre os juristas a concepção de liberdade era aquela que refletia, sobretudo a liberdade econômica, política, comercial, de produção era a liberdade conceito oposto e reagente aos privilégios reais e nobilásticos e à fechada economia medieval encastelada nas corporações.

 

Foi o movimento consolidado pelos robustes practiciens (profissionais competentes) de índole corporativa que segundo Ripert fez com que finalmente se elaborasse o Código Napoleônico que representa monumento da classe burguesa intoxicado de alto liberalismo e individualismo.

 

Nessa época tudo era contrato, o casamento, a adoção, a cidadania. O contrato em vez da tradição ou da transcrição tinha amplíssimos poderes que podia até meso transferir propriedade, ao contrário do que acontecia no direito romano e do que hoje temos no direito brasileiro que permanece fiel ao seu legado romano-germânico.

 

O espírito individualista liberal e eminentemente contratualista do Código Napoleônico (1804) se manteve em diversas legislações que o seguiram e o imitaram. Faz parte da história do pensamento jurídico francês o romantismo individualista endossado por doutrinadores como Demolombe, Laurent, Huc, Aubry et Rau e Baudry-Lacantiere.

 

O século XIX foi crucial pois trouxe relevante alteração na vida econômica-financeira e política, o que veio modificar o sentido de liberdade. Surgiu a decantada crise do direito privado que tanto abalou tradicionais institutos como propriedade, contrato, responsabilidade civil e até o comércio.

 

 

Na Alemanha tramavam os pandectistas[2] (Windscheid e Dernburg) a renovação do direito romano já arando devidamente e previamente o terreno para o BGB (Código Civil alemão), para frutificar as idéias sociais difundidas em toda Europa que sofria as intempéries de novas necessidades.

 

A filosofia racionalista (a exceção a de Descartes e o individualismo de Rousseau) foi superada. E uma nova ordem se avulta pois é o social e, não apenas o individual que comanda a cena do fim do século XIX.

 

Os juristas que em 1904 comemoravam o primeiro centenário do Código Napoleônico reconheceram a necessidade de uma revisão de uma releitura completa dos conceitos encerrados e entabulados pelo código civil francês.

 

Desta forma, os mestres do direito público como Duguit e do direito privado como Josserrand e Saleilles exigem uma renovação do direito que teve uma dicção poética e não menos verídica de ser a “revolução dos fatos contra o direito” assim cogitada por Gaston Morin e os novos aspectos da socialização do direito que, após meio século, seriam objeto de tantos estudos de Georges Ripert, Pierre de Harven, Savatier entre outros e, até hoje continuam concentrando esforços para os juristas que se destacam e se dedicam ao direito privado nos meados do século XX.

 

Na verdade essa evolução revelada em forma de crise, redimensionou vários institutos-chave do direito privado, até mesmo alcançando o tradicional direito de família e das sucessões e vem merecendo vários preciosos estudos como os de Arnoldo Medeiros da Fonseca, Arnoldo Wald, San Tiago Dantas e Afonso Arinos.

 

Tantas foram as modificações sofridas pelo contrato que alguns autores vaticinaram que era seu fim, e que o conceito original de contrato entre nós talhado pelo Código civil de 1916 não mais existia.

 

A regulamentação e simplificação do contrato fizeram com que se transformasse em contrato de adesão, contrato dirigido, contrato evolutivo e contemporâneo. (vide no link: http://jusvi.com/doutrinas_e_pecas/ver/16891 ).

 

A própria doutrina veio obrar distinção entre a liberdade de contratar e a liberdade contratual o que podemos verificar positivada nos termos do art. 421 do CC Brasileiro de 2002.

 

A liberdade de contratar[3] é a liberdade de firmar ou não um contrato, enquanto que a liberdade contratual é a referente a fixar as normas, cláusulas reguladoras do contrato.

 

O número crescente de normas de ordem pública consagrando a efetiva intervenção econômica do Estado tem sido generalizada, fato que identificamos desde a Constituição de Weimar e, que encontrou abrigo constitucional inclusive no Brasil através das Cartas de 1934, 1937, 1945, 1967 e 1969 e, finalmente, na redentora Constituição Federal Brasileira de 1988 que se refere explicitamente à ordem econômica e social.

 

Importante ressaltar que o princípio da dignidade da pessoa humana é erigido como um dos fundamentos da República federativa do Brasil que se constitui como Estado Democrático de Direito (art. 1º, III da CF de 1988).

Cogitam alguns doutrinadores como Georges Ripert em declínio do direito, respondendo-lhes com razão nossos notáveis juristas tupiniquins afirmando que não se trata de decadência, mas de adaptação às novas necessidades. São novos paradigmas que surgem tanto no direito privado como também no direito público e, quiçá no direito internacional.

 

Vicente Raó com sua lapidar obra “O direito e a vida dos direitos” esclarece que atual crise consiste apenas no reajuste, no realinhamento das normas jurídicas às condições de vida de nossa época. São novas as premissas a guiar o conhecimento jurídico.

 

As transformações sociais, ideológicas, econômicas e políticas e mesmo até tecnológicas exigiram do legislador uma preciosa técnica especial de adaptação das normas de maneira a evitar-se que o direito seja exercido, contrariamente à sua finalidade social, contendo-se e coibindo-se abusos e excessos.

 

Daí porque o rigor positivista não é mais hábil a ser praticado, originando-se uma gleba doutrinária chamada de neopositivistas que são mais flexíveis e sensíveis aos clamores sociais contemporâneos.

 

Nesse momento surgem conceitos amortecedores ou válvulas de escape ou de segurança que podemos evidenciar através das teorias do abuso de direito, da imprevisão, da onerosidade excessiva, e outras como a do equilíbrio entre os contratantes e a conservação dos contratos. Além das cláusulas gerais da função social do contrato e a da boa-fé objetiva.

 

Tais técnicas permitem manter o tradicional sistema, evitando seus inconvenientes em certas hipóteses especiais.

 

As grandes inovações introduzem e despontam a necessidade humana que é a força motriz da decantada revolução dos fatos contra o direito de Morim, mas já sabemos que o direito surgiu e se nutre exatamente dos fatos (ubi jus ibi societas).Daí a pertinência dogmática da tridimensionalidade que sintetiza: fato, valor e norma.

 

A cláusula rebus sic stantibus oriunda do trecho de uma glosa atribuída a Nerácio (Contractus qui habent tractum successivum et dependentiam de futuro rebus sic stantibus intelligentiur). Traduzindo literalmente: Os contratos que têm trato sucessivo ou dependência do futuro entendem-se condicionados pela manutenção do atual estado de coisas.

 

Esta cláusula é de origem canônico-medieval que vem a inspirar a teoria da imprevisão que atua como amortecedor que limita a autonomia da vontade no interesse da comutatividade dos contratos e com a finalidade de assegurar a equivalência das prestações dos contratantes, quando, por motivo imprevisto, uma delas se tornou excessivamente onerosa.

 

  1. Desenvolvimento

 

Prevê o Código Civil de 2002 (nos arts 317 e 478) a possível resolução dos contratos por onerosidade excessiva nos contratos de execução continuada ou diferida. Optou o legislador pátrio por atrelar a onerosidade excessiva à teoria da imprevisão muito embora sejam essas conceitualmente distintas.

 

Pressupõe-se para a aplicação das teorias que o contrato seja bilateral ou sinalagmático, oneroso e comutativo. Apesar de que nos contratos aleatórios como o de seguro que possuem parte comutativa, também possam ser aplicadas. Embora muito semelhantes tais teorias não se confundem.

 

Surge na Idade Média a teoria da imprevisão através da cláusula rebus sic stantibus como forma de abrandar o rigor do princípio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda).

 

Sua base referencial é que o contrato é formado de acordo com determinadas condições fáticas que existem no momento de sua formação. Se houver grave, brusca e imprevisível alteração nas condições fáticas vigentes na época da celebração e, em razão destas, o contrato gerar enriquecimento injusto a um dos contratantes, poderá o outro contratante invocar a cláusula rebus sic stantibus para não cumprir o contrato firmado.

 

A teoria da imprevisão está vinculada aos fenômenos imprevisíveis e extraordinários que são, por exemplo, guerras ou fortes mudanças econômicas que são capazes de afetar ou mesmo romper o equilíbrio existente entre as prestações, é a quebra do sinalagma contratual.

 

Por outro lado, para a teoria da onerosidade excessiva basta a mudança da situação fática que torne insuportável o cumprimento contratual, não se levando em consideração se a alteração fática era previsível ou mesmo extraordinária.

A importância da cláusula medieval que os doutrinadores modernos transformaram em teoria da imprevisão veio crescer principalmente em face das grandes modificações do valor da moeda, reconhecendo-se a existência da ilusão da chamada “moeda estável” no direito contemporâneo que bem preconizou Galbraith quando identificou a “Era da Incerteza”.

 

A Lei Faillot em 1918 (na França) é marco histórico da cláusula rebus sic stantibus posto que modificou normas contratuais onde uma prestação se tornou excessiva penosa a um dos contratantes em virtude da guerra.

 

Origem de relevantes inflações monetárias foram duas grandes guerras do final do século XIX é que forçou o legislador fixar sobre o curso forçado da moeda, proibindo cláusulas onde as partes adotariam outro padrão, que não a moeda, para calcular seus débitos.

Entre nós, há a vedação de pagamento em moeda estrangeira (Dec. Lei 857/69 com as exceções permitidas em lei).

 

A jurisprudência alemã integrando o parágrafo 242 do BGB admitiu a teoria da imprevisão, e limitava a obrigar o devedor a cumprir a sua prestação de acordo com as normas de lealdade e confiança recíproca (Treu und Glauben) e na forma de usos admitidos no comércio.

 

Arnoldo Wald destaca a grande influencia dessa jurisprudência e de artigo jurídico sobre direito brasileiro, notadamente o STF. A inflação no Brasil não pode ser considerada imprevisível e nem extraordinária, pois faz parte da cultura nacional. Mesmo quando esta dormita de forma controlada e limitada (desde 1994 com a realização do Plano Real).

 

Desta forma, a alegação de inflação é insuficiente e impróprio pra credenciar o descumprimento contratual com base na teoria da imprevisão.

 

Todavia, se houver uma galopante inflação como ocorrera nos anos 80 que atingiu 80% ao mês, há crasso desequilíbrio objetivo entre as prestações pactuadas que pode ser a causa de resolução por onerosidade excessiva.

 

Para ser possível a aplicação da resolução prevista no art. 478 do CC deverá  o contratante provar: que o contrato nascera equilibrado, com perfeito sinalagma genético; e um fenômeno extraordinário (fora do comum) e imprevisível causou desequilíbrio entre a prestação e contraprestação. E, ainda, a extrema vantagem patrimonial que terá o outro contratante por vezes à custa da miséria do outro, caso seja a avença cumprida literalmente nos exatos termos ajustados originalmente.

 

Assim recomenda o Enunciado 17 da CJF que o art. 478 do CC de 2002 deve ser interpretado não somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio mas também em relação às conseqüências que ele produz.

 

Não segue o CDC a mesma linha do CC de 2002, ao disciplinar a onerosidade excessiva e a noção da teoria da imprevisão, portanto, basta que nas relações de consumo haja o desequilíbrio objetivo das prestações para que possa o consumidor invocar a resolução do contrato. Não se importa também se era ou não previsível ou ordinário (art. 6º, V).

 

Pode o contratante então beneficiado optar por modificar o acordo com eqüidade, reequilibrando o contrato (art. 479 do CC) e, por força do princípio da conservação dos contratos, manter agora redimensionado o referido contrato.

 

Verdadeira construção jurisprudencial alemã que prova inequivocamente ser a jurisprudência uma verdadeira fonte de direito como já havia reconhecido Josserrand e Vicente Raó.

 

Por outro lado, a doutrina alemã equiparou à impossibilidade de cumprir a obrigação, a extinção dessa ou redução do seu montante, no caso de onerosidade excessiva. Essa impossibilidade subjetiva de caráter econômica, oriunda da onerosidade excessiva, é outra idéia fecunda no direito germânico contemporâneo, o que veio dominar os códigos mais recentes.

 

Deve-se mencionar que outras legislações já tinham francamente admitido que conforme o caso concreto, o juiz modificasse as cláusulas contratuais para evitar o abuso do direito. O conceito amortecedor de abuso de direito apesar das severas críticas de Planiol, mereceu precioso estudo de Josserrand e veio efetivamente influenciar a doutrina civilista da maioria das legislações contemporâneas ora vigentes.

 

Concretos exemplos observamos no direito suíço que após reconhecer amplos poderes ao magistrado que mesmo ante a ausência normativa quando poderá decidir como legislador fosse, condenando o abuso de direito. O que em minhas aulas, chamo carinhosamente de “filhote de urubu”, nasce branco, mas acaba preto. Nasce lícito, mas acaba ilícito. O Código civil greco (art. 388) e o Código Civil italiano (art. 1.467).

 

Em torno desse tema surgiu vasta literatura e até mesmo um novo ramo de direito, o direito monetário face da sua extrema importância e pertinência.

 

De qualquer forma, recomenda outro enunciado do CJF que em atenção ao princípio da conservação dos contratos, o art. 478 do CC de 2002 deverá reduzir sempre que possível, a revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual.

 

Assim como o Código Civil francês, o napoleônico e nosso Código Civil de 1916 foram de cunho liberal e individualista e, surgiu uma sociedade rudimentar que ignorava a questão social. Lembremos que o Código de Beviláqua fora feito para um país de moeda dita estável, onde os contratos não deveriam sofrer maiores alterações inerentes à vontade dos contratantes.

 

Na bossa fisiocrata do “lassez faire, laissez-passer” o nosso código civil nasceu provecto para sua época, algo assim bem similar ao que se sucedeu com o Código Civil de 2002 que foi originado por um Projeto de 1975 e, portanto, anterior, a Constituição Federal de 1988.

 

Poucos dispositivos legais se preocupam com a imprevisão, vide o art. 1.059, § único do CC de 1916 que limitava a responsabilidade aos danos previsíveis, o que é, explicável dentro de um sistema que em tese tinha a responsabilidade fulcrada na culpa. Também outros dispositivos legais são os arts. 1.180 e 1.250 do CC. De 1916.

 

O erudito e pioneiro Arnoldo Medeiros da Fonseca estudando o problema do caso fortuito e a teoria da imprevisão abrindo novos caminhos para doutrina nacional. Naquela época nosso ordenamento jurídico não consagrava a cláusula rebus sic stantibus.

 

Posteriormente surgiram novas disposições legais depois de 1930 que vieram reconhecer o que já era admitido na legislação brasileira o consagrado princípio da teoria da imprevisão. Só a guisa de ilustração citamos: Dec 19.573/31 que permitiu a rescisão da locação de funcionário público ou militar, no caso de remoção ou redução dos seus vencimentos, em virtude das modificações decorrentes da Revolução de 1930; o Dec 23.501/33 que impôs a nulidade da cláusula-ouro significando intervenção do Estado e a limitação da autônoma da vontade dos contratantes. Entendeu nessa ocasião o legislador que deve intervir sempre que os contratos revelassem o interesse social.

 

Como bem descreve Arnoldo Wald, civilista brasileiro de primeira linha, realizou-se assim o eclatement (rompimento) dos contratos, a que se refere Savatier em sua magistral obra intitulada “metamorfoses econômicas e sociais do direito contemporâneo”.

 

A ruptura do esquema contratual faz com que a lei incluía no contrato cláusulas que as partes não convencionaram, ou ao contrário, as considere nulas e não escritas pelas partes.

 

Em referência à teoria da imprevisão temos a Lei de Luvas (dec. 24.150/34) que regulamentou a renovação locatícia dos imóveis com fins comerciais e industriais, tendo sido mantida na Lei 8.245/91 que atualmente disciplina matéria.

 

Tais dispositivos aceitavam implicitamente a cláusula rebus sic stantibus, também no art. 31 da lei locatícia de 1991 há clara alusão a teoria da imprevisão no que tange a locação comercial. E mesmo na locação residencial permitiu-se a revisão dos alugueres até o limite legalmente fixado (arts. 68 a 70).

 

O Código Civil Brasileiro de 2002 deu relevante ênfase, a justiça substancial no contrato conforme seus arts. 421 422 que estabeleceram a função social do contrato e o da boa-fé objetiva, consagrando também a teoria da imprevisão em seu art. 317.

 

É nítida a vocação para eticidade e sociabilidade do Código Civil de 2002 onde se reafirma a teoria da revisão como instrumento de readequação contratual. Adotando a tese já então consolidada na jurisprudência (especialmente no tocante aos contratos de empreitada) e seguindo o exemplo do Código Civil italiano.

 

A teoria da imprevisão considera o contrato não como negócio isolado e, sim, como pertencente a uma realidade contratual que está sujeita às incertezas inevitáveis próprias e imanentes do futuro. Esta tese possui o nobre objetivo de tutelar as partes em face da alteração gravosa da realidade que era desconhecida no momento de sua celebração.

 

Ressalte-se que os tribunais pátrios reconheciam o caráter excepcional da revisão do contrato com base na teoria da imprevisão a fim de evitar a criação de um clima de total insegurança jurídica.

 

Também no direito público se fez sentir a necessidade de se aplicar a teoria da imprevisão, a CF de 1969 se referia aos dois casos (art. 167, II e art. 102, §1º.).

 

Também leis especiais permitiram a aplicação da teoria da imprevisão principalmente àquelas ligadas ao BNDES e ao Sistema Financeiro de Habitação.

 

A doutrina das dívidas de valor não se trata da incidência da rebus sic stantibus. As dívidas de valor não importam em pagamento de certa quantia, e sim, em garantir ao credor determinado poder aquisitivo (deve-se um quid, e não um quantum). È o que ocorre comumente com os alimentos.

 

Quem causou dano a outrem não lhe deve quantia, mas sim a quantia representativa do valor do prejuízo experimentado (Súmulas 490 e 560 do STF).

 

Apesar de terem finalidades bem análogas a teoria da imprevisão e a das dívidas de valor são distintas, posto que visem reequilibrar o contrato em face das condições existentes no momento de sua execução.

 

A teoria que se aplica às dívidas de dinheiro exige imprevisibilidade do evento que modificou cancerigenamente as condições existentes. Já nas dívidas de valor não é plausível a aplicação da teoria da imprevisão.

 

Pois mesmo tendo sido previsível e mesmo de fato prevista pelas partes, mesmo assim cabe requerer o reajustamento das prestações em atenção às finalidades da dívida.

 

Podem a lei e a convenção transmutar a dívida de dinheiro em dívida de valor. De sorte, que a incidência da correção monetária importa em converter a dívida líquida em dívida de valor.

 

O STF tem reiteradamente decidido sobre a validade da correção monetária convencional (RTJ 64/386, 69/587, 65/874, 88/325 e 60/553 e 60/867).

 

  1. Conclusão

 

Então resumindo, os contratos evoluíram se transformando em pactos, escapando da rigidez da pacta sunt servanda, submetendo-se a rebus sic stantibus, sendo informal e consensual, passando adotar na maioria das vezes o contrato de adesão, ganhando uma necessária leitura de função social e requerendo de seus partícipes uma atuação com boa-fé objetiva, em respeito ao equilíbrio das prestações avençadas e, ainda, sempre que possível pleiteando-se pela conservação das avenças.

 

Assim, o contrato continua fazendo lei entre as partes, mas com respeito à dignidade da pessoa humana e de todas as normas de ordem pública que o capacitam a ser instrumento de circulação de riquezas mas destinado a ser um instrumento mais democrático e justo do direito privado. Eis é o novo paradigma de contrato, onde para entendê-lo, interpretá-lo e quiçá julgá-lo necessita-se de recorrer ao “diálogo das fontes”.

 

4.Referências

 

GAGLIANO, Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Filho. Novo curso de direito civil. Volume III, tomo 1, São Paulo, Saraiva, 2005.

GOMES, Luiz Roldão de Freitas. Coordenação de Ricardo Pereira Lima. Contrato. Rio de Janeiro, Renovar, 1999.

TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Série Concursos Públicos, volume 3 Teoria Geral dos contratos e contratos em espécie. São Paulo, Editora Método, 2006.

SIMÃO, José Fernando. Direito Civil contratos, volume 5,Série Leituras Jurídicas , Provas e Concursos, São Paulo, Editora Altas, 2005.

DE FARIAS, Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald. Direito das Obrigações.  Rio de Janeiro, Editora Lúmen Júris, 2006.

WALD, Arnoldo. Obrigações e contratos, 16ª. Edição com a colaboração do Prof. Semy Glanz, São Paulo, Editora Saraiva, 2004.

PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, Rio de Janeiro, Forense, 2005. volume III, 12ª edição.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil: direito das obrigações: parte especial, volume 6, tomo I contratos, Série Sinopses Jurídicas, 7ª. Edição, São Paulo, Editora Saraiva, 2004.

VENOSA, Silvio Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. 5 ed.;. São Paulo, Atlas, 2005(Coleção Direito Civil volume II).

SOARES, Paulo Brasil Dill. Código do Consumidor Comentado. 6a. edição, Rio de Janeiro, Editora Destaque, 2000.

LEITE, Gisele. Roteiro sobre o princípio da boa fé objetiva. Jus Vigilantibus, Vitória, 4 set. 2006. Disponível em: <http://jusvi.com/doutrinas_e_pecas/ver/22364>. Acesso em: 18 set. 2007.

LEITE, Gisele. Considerações sobre a representação em face do Código Civil de 2002. Jus Vigilantibus, Vitória, 10 out. 2006. Disponível em: <http://jusvi.com/doutrinas_e_pecas/ver/22700>. Acesso em: 18 set. 2007.

LEITE, Gisele. Considerações sobre ato ilícito. Jus Vigilantibus, Vitória, 22 jan. 2006. Disponível em: <http://jusvi.com/doutrinas_e_pecas/ver/19847>. Acesso em: 18 set. 2007.

LEITE, Gisele. Vício redibitório e evicção. Jus Vigilantibus, Vitória, 26 set. 2005. Disponível em: <http://jusvi.com/doutrinas_e_pecas/ver/17502>. Acesso em: 18 set. 2007.

LEITE, Gisele. Defeitos dos negócios jurídicos em face do Código Civil de 2002. Jus Vigilantibus, Vitória, 4 out. 2006. Disponível em: <http://jusvi.com/doutrinas_e_pecas/ver/22636>. Acesso em: 18 set. 2007.

LEITE, Gisele. Considerações de extinção dos contratos. Jus Vigilantibus, Vitória, 20 mar. 2006. Disponível em: <http://jusvi.com/doutrinas_e_pecas/ver/20560>. Acesso em: 18 set. 2007.

LEITE, Gisele. Abordagem sobre a classificação dos contratos. Jus Vigilantibus, Vitória, 9 set. 2005. Disponível em: <http://jusvi.com/doutrinas_e_pecas/ver/17173>. Acesso em: 18 set. 2007.

LEITE, Gisele. Por um novo paradigma de contrato. Jus Vigilantibus, Vitória, 28 nov. 2005. Disponível em: <http://jusvi.com/doutrinas_e_pecas/ver/18908>. Acesso em: 18 set. 2007.

[1] O pacto romano para se transformar em contrato dependia no direito antigo de formalidades que poderiam ser de três espécies:

  1. per aes et libram , pelo bronze e pela balança, a mais antiga solenidade conhecida e da qual deriva o nexum. Tal figura muito similar com a mancipatio e coloca o devedor em situação das mais penosas, posto conforme teoria predominante, o vendedor dá-se em venda (auto-mancipação) ou em penhor (auto-empenhamento) ao credor para garantir o cumprimento de uma obrigação, que pode abranger não só o nexum, devedor, mas também sua família;
  2. actum verbis, ou seja, através das palavras solenes proferidas entre credor e devedor se caracterizava a convenção, como na stipulatio.
  3. actum litteris, vale dizer pela forma escrita ou literal. O credor faz uma inscrição num registro privado e, dessa maneira, igualmente, concretiza-se a convenção.

 

[2] Ora, o ideal dos pandectistas era resolver o direito dentro do direito, ou seja, dar ao direito respostas surgidas sob o ângulo da juridicidade. Uma das coisas que esse código reconhece é que o direito não basta a si mesmo, pois ele precisa, para atender as necessidades sociais, ter em conta os valores da ética. Rege-o um valor de eticidade fundamental, conforme se pode ver em alguns dos dispositivos que vou citar, que reputo como mandamentos-chave da nova codificação.

Por influência dos pandectistas, o código estabelece uma sinonímia entre o jurídico e o lícito. Lícito é o que é jurídico, jurídico é o que é lícito. Essa sinonímia foi estraçalhada, digamos assim, pelo maior jurista de nosso século, Hans Kelsen, o qual mostrou que era necessário ampliar o conceito de norma jurídica. Norma jurídica não é a norma sobre o lícito. Kelsen dizia, com ironia: se o lícito fosse sinônimo do jurídico, não haveria lugar para o direito penal. O ilícito também faz parte do direito, tanto assim que é considerado pelos juízes e pelos advogados, culminando numa decisão, numa sentença, numa sanção. Miguel Reale

(...) in http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=133&breadcrumb=1&Artigo_ID=1882&IDCategoria=1946&reftype=1

 

[3] Consta, aliás, certa imprecisão terminológica no art. 421 do CC de 2002. A liberdade de contratar é ilimitada e eis que se refere ao direito subjetivo de celebrar contrato, e é inerente a todo ser humano, por força de ditames constitucionais. O que é contingenciada é a liberdade contratual que, em face de normas de ordem pública, será maior ou menor.

Tal liberdade está condicionada à lei e por isto determinado contrato poderá ser considerado nulo e, não produzirá efeitos desejados pelas partes. Então a função social atinge a liberdade contratual, diz respeito ao objeto e conteúdo do contrato, mas não a inalienável liberdade de contratar.

Conclui-se que muitas vezes não havia mais liberdade contratual e mesmo a liberdade de contratar sofria importantes limitações. Chega-se então a era quando se conclui que não existem direitos subjetivos absolutos e ilimitados.

 

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Necropolítica brasileira.

Necropolítica brasileira. Brazilian necropolitics. Resumo: O termo "necropolítica" foi criado pelo filósofo Achille Mbembe em 2003...

O imponderável

  O imponderável     É aquilo que não se pode pesar ou ponderar, o que não tem peso apreciável,...

Considerações sobre mediação escolar

  Considerações sobre mediação escolar   Resumo: Em síntese, a mediação escolar é mais...

Dia Mundial de Conscientização do Autismo

                           &...

Diga não ao Bullying e ao cyberbullying

Diga Não ao Bullying.   O dia 7 de abril é conhecido pelo Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola...

Liberdade de Expressão

 Liberdade de Expressão     A dimensão da liberdade de expressão com advento das redes sociais e demais...

Evolução histórica do bullying

Evolução histórica do bullying     Bullying[1] é vocábulo de origem inglesa e, em muitos países...

Trabalhadores por aplicativo

Trabalhadores por aplicativo     Em recente pesquisa do IBGE apontou que, em 2022, o país tinha 1,5 milhão de pessoas que...

A sexualidade e o Direito.

A sexualidade e o Direito. Sexualité et loi.   Resumo: O Brasil do século XXI ainda luta por um direito democrático da...

Sabatina de Dino e Gonet.

  Sabatina de Dino e Gonet.   Resumo: A palavra "sabatina" do latim sabbatu, significando sábado. Originalmente, era...

Darwinismo social e a vida indigna

Darwinismo social e a vida indigna   Autora: Gisele Leite. ORCID 0000-0002-6672-105X e-mail: professora2giseleleite2@gmail...

Velha República e hoje.

Velha República e hoje.   Resumo:   A gênese da república brasileira situa-se na República da Espada, com o...

Reticências republicanas...

Reticências republicanas...   Resumo: No ano de 1889, a monarquia brasileira conheceu um sincero declínio e, teve início a...

Suprema Corte e Tribunal Constitucional nas democracias contemporânea

Suprema Corte e Tribunal Constitucional nas democracias contemporânea   Resumo: A história do Supremo Tribunal Federal é da...

A Etiologia da Negligência Infantil

Etiologia da negligência infantil Resumo: É perversa a situação dos negligentes que foram negligenciados e abandonados...

Assédio Moral e Assédio Sexual no ambiente do trabalho.

Assédio Moral e Assédio Sexual no ambiente do trabalho. Resumo: Tanto o assédio moral como o sexual realizam...

Verdade & virtude no Estoicismo

Verdade & virtude no Estoicismo   Resumo: Não seja escravo de sentimentos. Não complique e proteja sua paz de espírito...

Educação inclusiva

Educação inclusiva Diferenças e interseções.     A educação inclusive é, sem...

Esferas da justiça e igualdade complexa.

Esferas da justiça e igualdade complexa. Spheres of justice and complex equality.   Resumo: Walzer iniciou sua teoria da justiça...

Obrigatória a implementação do Juiz das Garantias

Obrigatória a implementação do Juiz das Garantias   Finalmente, em 24 de agosto do corrente ano o STF considerou...

Parecer Jurídico sobre Telemedicina no Brasil

Parecer Jurídico sobre Telemedicina no Brasil Gisele Leite. Professora universitária há três décadas. Mestre em Direito...

A descriminalização do aborto no Brasil e a ADPF 442.

A descriminalização do aborto no Brasil e a ADPF 442. The decriminalization of abortion in Brazil and the ADPF 442. Autores: Gisele Leite...

O feminino em Machado de Assis

The feminine in Machado de Assis Between story and history.   Resumo:  A importância das mulheres traçadas por Machado de...

A filosofia de Machado de Assis

A filosofia de Machado de Assis Animais do mundo...

A crítica a Machado de Assis por Sílvio Romero

A crítica a Machado de Assis por Sílvio Romero Resumo: Ao propor a literatura crítica no Brasil, Sílvio Romero estabeleceu...

Educação em Direitos Humanos

  Para analisarmos o sujeito dos direitos humanos precisamos recordar de onde surgiu a noção de sujeito com a filosofia moderna. E,...

Caminhos e descaminhos da Filosofia do Direito Contemporâneo.

Paths and detours of the Philosophy of Contemporary Law. Resumo: O direito contemporâneo encontra uma sociedade desencantada, tendo em grande...

A influência do estoicismo no Direito.

  Resumo: A notável influência da filosofia estoica no direito romano reflete no direito brasileiro. O Corpus Iuris Civilis, por sua...

Considerações sobre a Magna Carta de 1215.

Resumo: O regime político que se consolidou na Inglaterra, sobretudo, a partir do século XVII, foi o parlamentarismo...

Insight: A Peste de Camus

     Insight: The Camus Plague    Bubonic Plague and Brown Plague   Resumo: Aproveitando o movimento Direito &...

O Tribunal e a tragédia de Nuremberg.

O Tribunal e a tragédia de Nuremberg.   Resumo O Tribunal de Nuremberg representou marco para o Direito Internacional Penal[1],...

Breves considerações sobre os Embargos de Declaração.

Breves considerações sobre os Embargos de Declaração.   Resumo: Reconhece-se que os Embargos de...

As polêmicas do processo civil

Controversies of civil procedure. Resumo: As principais polêmicas consistiram na definição da actio romana, o direito de...

Parecer Jurídico sobre o uso de mandado de segurança em face de ato judicial no direito brasileiro.

Gisele Leite. Professora universitária há três décadas. Mestre em Direito. Mestre em Filosofia. Doutora em Direito...

Sabedoria de Polônio.

  Resumo: Em meio aos sábios conselhos de Polônio bem como de outros personagens nas obras de William Shakespeare e, ainda, a...

A polêmica sobre a fungibilidade recursal e o CPC/2015.

A polêmica sobre a fungibilidade recursal e o CPC/2015. Resumo: Ainda vige acirrada polêmica acerca de fungibilidade recursa e...

Lolita de Nabokov.

  Nabokov é reconhecido como pertencente ao Olimpo da literatura russa, bem ao lado de Fiodor Dostoiévski, Liev Tolstói e...

Garantismo penal versus realidade brasileira

Resumo: No confronto entre garantistas e punitivistas resta a realidade brasileira e, ainda, um Judiciário entrevado de tantas demandas. O mero...

Prova pericial, perícia e da declaração de óbito no direito processual civil e direito previdenciário

Resumo: O presente artigo pretende explicar a prova pericial no âmbito do direito processual civil e direito previdenciário,...

Entre o Bardo e o Bruxo.

Resumo: O ilustre e renomado escritor inglês William Shakespeare fora chamado em seu tempo de "O Bardo", em referência aos antigos...

Entre perdas e ganhos da principiologia constitucional brasileira

Resumo O presente texto pretende analisar a evolução das Constituições brasileiras, com especial atenção o...

O rei não morre.

  Edson Arantes do Nascimento morreu hoje, no dia 29 de dezembro de 2022, aos oitenta e dois anos. Pelé, o rei do futebol é imortal...

ChildFree

Resumo: É recomendável conciliar o atendimento aos princípios da dignidade da pessoa humana e da livre iniciativa, dessa forma...

O significado da Justiça.

Resumo: O Poder Judiciário comemora o Dia da Justiça nesta quinta-feira, dia oito de dezembro de 2008 e, eventuais prazos processuais que...

Positivismo, neopositivismo, nacional-positivismo.

Positivism, neopositivism, national-positivism. Resumo: O positivismo experimentou variações e espécies e chegou a ser fundamento...

Em busca do conceito do crime propriamente militar.

 Resumo: O crime propriamente militar, segundo Jorge Alberto Romeiro, é aquele que somente pode ser praticado por militar, pois consiste em...

HUMOR E IRONIA NO MACHADO

Resumo: A extrema modernidade da obra machadiana que foi reconhecida por mais diversos críticos, deve-se ao fato de ter empregado em toda sua...

Hitler, um bufão de sucesso.

Hitler, a successful buffoon. Coincidences do not exist. Resumo: O suicídio de Hitler em 30 de abril de 1945 enquanto estava confinado no...

De 11 para 16 ministros.

  Fico estarrecida com as notícias, como a PL que pretende aumentar o número de ministros do STF. Nem a ditadura militar sonhou em...

Decifrando Capitu

Resumo: Afinal, Capitu traiu ou não traiu o marido? Eis a questão, o que nos remete a análise do adultério como crime e fato...

Mudanças no Código Brasileiro de Trânsito

Resumo: O texto aborda de forma didática as principais mudanças operadas no Código Brasileiro de Trânsito através da Lei...

Deus, pátria e família.

Resumo: A tríade do título do texto foi citada, recentemente, pelo atual Presidente da República do Brasil e nos faz recordar o...

A morte da Rainha Elizabeth II

A Rainha Elizabeth II morre aos noventa e seis anos de idade, estava em sua residência de férias, o Castelo Balmoral, na Escócia e,...

Kant é tão contemporâneo

Resumo: Kant fundou uma nova teoria do conhecimento, denominada de idealismo transcendental, e a sua filosofia, como um todo, também fundou o...

A varíola dos macacos.

Resumo: A varíola do macaco possui, de acordo com informe técnico da comissão do governo brasileiro, a taxa de letalidade...

A Lei do Superendividamento e ampliação principiológica do CDC.

A Lei do Superendividamento e ampliação principiológica do CDC. Resumo: A Lei 14.181/2021 alterou dispositivos do Código de...

Adeus ao Jô.

  Jô era um gênio... enfim, a alma humana é alvo fácil da dor, da surpresa dolorosa que é nossa...

Entre o céu e a terra.

  Já dizia o famoso bardo, "há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia" Por sua vez,...

Aumento da violência escolar na escola brasileira.

Resumo: Os alarmantes índices apontam para o aumento da violência na escola principalmente no retorno às aulas presenciais. Precisa-se...

Breves Considerações sobre as Constituições brasileiras.

Resumo: No total de setes Cartas Constitucionais deu-se visível alternância entre regimes fechados e os mais democráticos, com...

Massacre na Escola texana.

  Resumo: Em 2008, a Suprema Corte dos EUA determinou que a emenda garantia o direito individual de possuir uma arma e anulou uma lei que proibia as...

Primeiro de Maio.

Resumo: A comemoração do Dia do Trabalho e Dia do Trabalhador deve reverenciar as conquistas e as lutas por direitos trabalhistas em prol de...

Efeitos do fim do estado de emergência sanitária no Brasil.

Resumo: O Ministro da Saúde decretou a extinção do estado de emergência sanitária e do estado de emergência de...

19 de abril, Dia dos povos indígenas.

 Resumo: A existência do dia 19 de abril e, ainda, do Estatuto do Índio é de curial importância pois estabelece...

O túmulo dos ditadores.

Resumo: O túmulo de ditadores causa desde vandalismo e depredação como idolatria e visitação de adeptos de suas...

Ativismo, inércia e omissão na Justiça Brasileira.

Activism, inertia and omission in Brazilian Justice Justice according to the judge's conscience. Activisme, inertie et omission dans la justice...

Janela partidária

Fenêtre de fête Resumo: A janela partidária é prevista como hipótese de justa causa para mudança de partido,...

Parecer Jurídico sobre os direitos de crianças e adolescentes portadores de Transtorno de Espectro Autista (TEA) no direito brasileiro vigente.

Parecer Jurídico sobre os direitos de crianças e adolescentes portadores de Transtorno de Espectro Autista (TEA) no direito brasileiro...

O significado da Semana da Arte Moderna de 1922.

Resumo: A Semana da Arte Moderna no Brasil de 1922 trouxe a tentativa de esboçar uma identidade nacional no campo das artes, e se libertar dos...

Apologia ao nazismo é crime.

Resumo: Dois episódios recentes de manifestações em prol do nazismo foram traumáticos à realidade brasileira...

Considerações preliminares sobre contratos internacionais.

Resumo: O presente texto introduz os conceitos preliminares sobre os contratos internacionais e, ainda, o impacto da pandemia de Covid-19 na...

Impacto da Pandemia de Covid-19 no Direito Civil brasileiro.

Impacto da Pandemia de Covid-19 no Direito Civil brasileiro.   Resumo: A Lei 14.010/2020 criou regras transitórias em face da Pandemia de...

Duelo de titãs[1].

Autores: Gisele Leite. Ramiro Luiz Pereira da Cruz.   Resumo: Diante da vacinação infantil a ser implementada, surgem...

Considerações sobre o não vacinar contra Covid-19 no Brasil.

Resumo: O não vacinar contra a Covid-19 é conduta antijurídica e sujeita a pessoa às sanções impostas,...

Tudo está bem quando acaba bem.

Resumo: A peça é, presumivelmente, uma comédia. Embora, alguns estudiosos a reconheçam como tragédia. Envolve pactos,...

As Alegres comadres de Windsor e o dano moral.

Les joyeuses marraines de Windsor et les dommages moraux. Resumo: A comédia que sobre os costumes da sociedade elizabetana inglesa da época...

Domada Megera, mas nem tanto.

Resumo: Na comédia, onde um pai tenta casar, primeiramente, a filha de temperamento difícil, o que nos faz avaliar ao longo do tempo a...

Hamlet: o último ato.

Resumo: Hamlet é, sem dúvida, o personagem mais famoso de Shakespeare, a reflexão se sobrepõe à ação e...

Othello, o mouro de Veneza.

Othello, o mouro de Veneza. Othello, the Moor of Venice.   Resumo: Movido por arquitetado ciúme, através de Yago, o general Othello...

Baudrillard e mundo contemporâneo.

Baudrillard et le monde contemporain     Resumo: Baudrillard trouxe explicações muito razoáveis sobre o mundo...

A censura equivocada às obras de Monteiro Lobato.

Resumo:   Analisar a biografia de Monteiro Lobato nos faz concluir que foi grande crítico da influência europeia sobre a cultura...

Mais um filtro recursal em andamento, para os recursos especiais.

Resumo: A inserção de mais um filtro recursal baseado em questão de relevância para os recursos especiais erige-se num...

A etimologia mais que contemporânea

  A palavra “boçal” seja como substantivo como adjetivo tem entre muitos sentidos, o de tosco, grosseiro, estúpido,...

Orfandade do trema

O motivo desse texto é a orfandade dos sem-trema, as vítimas da Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa. Depois dela, nem o...

Polêmica mascarada

Na contramão de medidas governamentais no Brasil, principalmente, em alguns Estados, entre estes, o Rio de Janeiro e o Distrito Federal...

Efeito pandemia no abismo social brasileiro

  Nosso país, infelizmente, ser negro, mestiço ou mulher é comorbidade. O espectro de igualdade que ilustra a chance de...

A fé na espada ou a força da cruz.

A efervescente mistura entre religião e política sempre trouxe resultados inusitados e danosos. Diante de recente pronunciamento, o atual...

Entre o ser e o nada

Resumo: Sartre foi quem melhor descreveu a essência dos dramas da liberdade. Sua teoria definiu que a primeira condição da...

Aprovado texto-base do Código Eleitoral brasileiro

Resumo: O Direito Eleitoral brasileiro marca sua importância em nosso país que adota o regime democrático representativo,...

O Dom & bom.

Em razão da abdicação de Dom Pedro I, seu pai, que se deu em 07 de abril de 1831, Dom Pedro, príncipe imperial, no mesmo dia...

O impeachment de Moraes.

Resumo: O pedido de impeachment do Ministro Alexandre de Moraes afirma que teria cometido vários abusos e ilegalidades no exercício do...

A morte de Deus e o Direito como muleta metafísica.

La mort de Dieu et de la Loi comme béquille métaphysique. Resumo: A difícil obra de Nietzsche nos ensina a questionar os dogmas,...

Abrindo a janela de Overton sobre a manipulação da opinião pública.

  Resumo: Todo discurso é um dos elementos da materialidade ideológica. Seja em função da posição social...

Efeitos de F.O.M.A – Fear of Meeting Again (O medo de reencontrar)

Autores: Ramiro Luiz P. da Cruz              Gisele Leite   Há mais de um ano, o planeta se vê...

LIQUIDEZ: a adequada metáfora da modernidade

 Resumo: Bauman foi o pensador que melhor analisou e diagnosticou a Idade Contemporânea. Apontando suas características,...

A metáfora[1] do Direito

         Resumo: O direito mais adequadamente se define como metáfora principalmente se analisarmos a trajetória...

Linguagem não sexista e Linguagem neutra (ou não binária)

 Resumo: A linguagem neutra acendeu o debate sobre a inclusão através da comunicação escrita e verbal. O ideal é...

Esclarecimentos sobre o Estado de Bem-Estar Social, seus padrões e crises.

Clarifications about the Social Welfare State, its patterns and crises.   Resumo: O texto expõe os conceitos de Welfare State bem como...

Auxílio Emergencial do INSS e direitos previdenciários em face da pandemia

Resumo: O auxílio emergencial concedido no ano de 2020 foi renovado para o atual ano, porém, com valores minorados e, não se...

A lanterna de Diógenes que iluminou Nietzsche

 Resumo: A Filosofia cínica surge como antídoto as intempéries sociais, propondo mudança de paradigma, denunciando como...

Considerações sobre a Repercussão Geral do Recurso Extraordinário na sistemática processual brasileira.

A repercussão geral é uma condição de admissibilidade do recurso extraordinário que foi introduzida pela Emenda...

Reis, piolhos e castigos

Resumo: A história dos Reis de Portugal conta com grandes homens, mas, também, assombrados com as mesmas fraquezas dos mais reles dos...

O dia de hoje...

  Resumo: Entender o porquê tantos pedidos de impeachment acompanhados de tantas denúncias de crimes de responsabilidade do atual...

Sobre o direito ao esquecimento: direito incompatível com a Constituição Federal brasileira de 1988.

 Resumo: O STF decidiu por 9 a 1 que o direito ao esquecimento é incompatível com a Constituição Federal brasileira...

Relações Internacionais & Direito Internacional.

Resumo: Depois da Segunda Grande Guerra Mundial, os acordos internacionais de direitos humanos têm criado obrigações e...

Um quarto de século e o (in) finito clonado.

   Resumo: Apesar de reconhecer que nem tudo que é cientificamente possível de ser praticado, corresponda, a eticamente...

Costas quentes fritando ...

  Considerado como o "homem da propina" no Ministério da Saúde gozava de forte proteção de parlamentares mas acabou...

Capitalismo contemporâneo, consumo e direito do consumidor.

Resumo: O direito do consumidor tem contribuição relevante para a sociedade contemporânea, tornando possível esta ser mais...

O Ministro dos votos vencidos

Resumo: O Ministro Marco Aurélio[1] representa um grande legado para a jurisprudência e para a doutrina do direito brasileiro e, seus votos...

Religião & Justiça

Religion & Justice STF sur des sujets sensibles   Resumo: É visível além de palpável a intromissão da...

A injustiça do racismo

Resumo: É inquestionável a desigualdade existente entre brancos e negros na sociedade brasileira atual e, ainda, persiste, infelizmente...

Impacto da pandemia nas locações brasileiras

Resumo: A suspensão de liminares nas ações de despejos e desocupação de imóveis tem acenado com...

Regras, normas e princípios.

Resumo: O modesto texto expõe didaticamente os conceitos de normas, regras e princípios e sua importância no estudo da Teoria Geral do...

O achamento do Brasil

Resumo: O dia 22 de abril é marcado por ser o dia do descobrimento do Brasil, quando aqui chegaram os portugueses em 1500, que se deu...

O dia de Tiradentes

  Foi na manhã de 21 de abril de 1792, Joaquim José da Silva Xavier, vulgo “Tiradentes”, deixava o calabouço,...

Imprensa no Brasil República

  Deve-se logo inicialmente esclarecer que o surgimento da imprensa republicana[1] não coincide com a emergência de uma linguagem...

Comemoração inusitada.

A manchete de hoje do jornal El País, nos humilha e nos envergonha. “Bolsonaro manda festejar o crime. Ao determinar o golpe militar de...

O enigma do entendimento

Resumo: Entre a Esfinge e Édito há comunicação inaugura o recorrente enigma do entendimento. É certo, porém,...

Limites e paradoxos da democracia contemporânea.

Resumo: Ao percorrer as teorias da democracia, percebe-se a necessidade de enfatizar o caráter igualitário e visando apontar suas...

Por uma nação.

O conceito de nação principiou com a formação do conceito de povo que dominou toda a filosofia política do...

A saga de Felipe Neto

A lei penal brasileira vigente prevê três tipos penais distintos que perfazem os chamados crimes contra a honra, a saber: calúnia que...

Resistir às incertezas é parte da Educação

É importante replicar a frase de Edgar Morin: "Resistir às incertezas é parte da Educação". Precisamos novamente...

Pós-modernismo & Neoliberalismo.

Resumo: O Pós-modernismo é processo contemporâneo de grandiosas mudanças e novas tendências filosóficas,...

Culpa, substantivo feminino

Resumo: Estudos recentes apontam que as mulheres são mais suscetíveis à culpa do que os homens. Enfim, qual será a senha...

A discutida liberdade de expressão

Resumo: Engana-se quem acredita que liberdade de expressão não tenha limites e nem tenha que respeitar o outro. Por isso, o Twitter bloqueou...

Os maus também fazem história...

Resumo: Dotado da proeza de reunir todos os defeitos de presidentes anteriores e, ainda, descumprir as obrigações constitucionais mais...

Viva o Dia Internacional das Mulheres!

Resumo: As mulheres se fizeram presentes nos principais movimentos de contestação e mobilização na história...

Criminalização do Stalking (perseguição obsessiva)

  Resumo: A crescente criminalização da conduta humana nos induz à lógica punitiva dentro do contexto das lutas por...

O significado da República

The meaning of the Republic   Resumo: O texto didaticamente expõe o significado da república em sua acepção da...

Considerações sobre a perícia médica e perícia previdenciária.

  Resumo: O modesto texto aborda sobre as características da perícia médica previdenciária principalmente pela...

Calúnia e Crime contra Segurança Nacional

Resumo: Ao exercer animus criticandi e, ao chamar o Presidente de genocida, Felipe Neto acabou intimado pela Polícia Civil para responder por...